domingo, 26 de julho de 2009

WALTER BENJAMIN: TESES SOBRE A FILOSOFIA DA HISTÓRIA [IX]; UMA DAS PÁGINAS QUE GOSTARIA DE TER SIDO EU A ESCREVER.



«Existe um quadro de Klee, que se intitula "Angelus Novus". Representa um anjo que parece ter o desígnio de se afastar do lugar em que se mantém imóvel. Os seus olhos estão escancarados, a sua boca aberta, as suas asas desdobradas. Tal é o aspecto que deve ter necessariamente o anjo da história. Tem o rosto voltado para o passado. Onde a nós se apresenta uma cadeia de acontecimentos, ele não vê mais do que uma mesma e única catástrofe, que não cessa de amontoar ruínas sobre ruínas, e as lança a seus pés. Bem gostaria de se deter, despertar os mortos e reunir os vencidos. Mas do paraíso sopra uma tempestade que se apoderou das suas asas, tão forte que o anjo já as não pode fechar. Essa tempestade empurra-o incessantemente em direcção ao porvir, para o qual ele está de costas, enquanto que, até ao céu, diante dele, se acumulam as ruínas. Essa tempestade é o que chamamos o progresso.»

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